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14.1.07

SAIR DO LODAÇAL OU CHAFURDAR DE VEZ? (set/2006)

A atual campanha eleitoral está sendo a mais insossa desde o fim da ditadura. Não fossem as molecagens de última hora dos meninos do Lula, assistiríamos à reeleição em 1º turno de um presidente totalmente amoral e inapto. Talvez nem mesmo esse novo e gravíssimo escândalo evite o pior.

Os bem pensantes atribuem o sentimento difuso de apatia e desalento à inexistência real de opções para mudarmos a sociedade por meio da política. A lógica do capitalismo globalizado se impõe com força total, só restando aos governantes poder de decisão sobre paliativos e ninharias.

O sistema funciona a contento mesmo que a rainha da Inglaterra de plantão consinta com a formação de uma quadrilha para assaltar os cofres públicos, desviando recursos para o projeto de criação de um Reich companheiro de mil anos. Afinal, para os banqueiros e grandes empresários, o custo da taxa da corrupção é largamente compensado pelo benefício de contarem com um presidente pai dos pobres avalizando e acobertando seus lucros estratosféricos – indecentes mesmo num país capitalista!

E o pior é que os três principais opositores de Lula não parecem oferecer uma alternativa real.

Geraldo Alckmin propõe um capitalismo de sonhos, com políticas voltadas para o desenvolvimento econômico e social. Como se a atual prevalência avassaladora do capital financeiro dependesse da vontade das autoridades econômicas e pudesse ser mudada por decreto: a partir de agora, nada de parasitismo e tudo para os investimentos produtivos. Soa bem.

Mas, não foi assim que o outro tucano agiu em seus oito anos de mandato. E nada indica que Alckmin agirá assim, pois não se percebe nele o estofo de um líder capaz de confrontar o poder real do grande capital. Quanto muito, podemos esperar uma moralização das práticas políticas, que no Governo Lula descambaram para o puro gangsterismo.

Heloísa Helena é outra que empunha a bandeira da ética. Fiel ao ideário esquerdista pré-queda do muro, ainda não se convenceu de que o Estado brasileiro não está aí para realizar a justiça social, muito pelo contrário. Então, acredita ela, se forem desalojadas as máfias que se apossaram do aparelho do Estado, este poderá, ao menos, minorar a situação dramática em que vegeta a maioria do povo brasileiro. O socialismo fica para depois.

Pessoalmente íntegra, não lhe ocorre que, nem mesmo após uma revolução heróica como a de 1917 e contando com líderes da envergadura de Lênin e Trotsky, a União Soviética conseguiu manter seu Estado a serviço dos trabalhadores. Menos de uma década depois, o poder já fora transferido para a nomenklatura.

Quanto a Cristovam Buarque, ele oferece a educação como panacéia, sem entrar num debate bem mais complexo e espinhoso: como fazer com que o ensino se volte novamente para a formação de verdadeiros cidadãos e não apenas para a dos apertadores de parafusos requeridos pelo mercado?

Faz parte da lógica perversa do capitalismo globalizado o direcionamento da educação para a formação de profissionais especializados e não de homens com conhecimentos amplos e diversificados, dotados de espírito crítico, capazes de entender o mundo em que vivem e atuar sobre ele.

E é exatamente essa ausência de espírito crítico que colocou o Brasil diante da ameaça de reeleição de um presidente enlameado até o último fio de cabelo. Já não existem elites e formadores de opinião capazes de conduzir as grandes massas à compreensão de que um país governado pelos mandantes de aloprados se condena às turbulências e à insignificância.

Mas, mesmo que Geraldo Alckmin, Heloísa Helena e Cristovam Buarque não sejam capazes de entregar o Brasil que prometem, é simplesmente inconcebível permanecermos mais quatro anos sem auto-respeito nem esperanças.

A reeleição de Lula significaria coonestarmos o banditismo político e esse coronelismo reciclado que aposta nos grotões como o fator decisivo de uma eleição presidencial.

Em 1970, os brasileiros abriram mão da liberdade em troca de uma bolha de consumo que logo estourou, deixando dívidas para pagar e um país por reconstruir.

Hoje, as migalhas dos programas assistenciais podem manter no poder um governante cujas políticas foram fundamentais para que os pobres permanecessem pobres, incapazes de sair por si próprios de sua situação degradante e eternamente necessitados de esmolas.

E, o que é pior: o País inteiro acordaria no dia 2 de outubro com má consciência, sabendo que trocou os valores nobres pelas vantagens mesquinhas. O lodaçal em que o Governo Lula transformou Brasília tragaria o Brasil inteiro.

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