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18.5.10

A NOVA LAMBANÇA DA MARTA SUPLICY

Marta Suplicy se tornou conhecida como sexóloga da programação matutina da Rede Globo e depois fez carreira política, pegando carona no merecido prestígio do marido.

Nunca engoli que, na eleição para a Prefeitura de São Paulo do ano 2000, Marta tivesse escondido do respeitável público que o casamento com o Eduardo já terminara, só fazendo tal revelação depois que as urnas se fecharam. Não tenho dúvidas que, sem os votos de quem o estimava muito mais do que a ela, jamais sairia vencedora.

O certo é que muitos elegeram a Srª Suplicy e acabaram sendo governados pela Srª Favre.

Sua administração, graças principalmente ao reprovado Túnel Rebouças e às muitas taxas introduzidas, foi tão mal avaliada pelos paulistanos que ela perdeu as duas eleições municipais seguintes, derrotada por José Serra (2004) e Gilberto Kassab (2008).

Além disto, o PT a preteriu na escolha do candidato ao Governo em 2006, optando por Aloizio Mercadante.

Pior do que tudo é o mau gênio de Marta.

Como prefeita, tratou com grosseria inconcebível uma comerciante desesperada porque sua loja fora inundada por uma enchente.

Quando já encaminhava-se para a derrota de 2008, tentou virar o jogo explorando preconceituosamente a orientação sexual do seu adversário, um gambito cuja péssima repercussão acabou sendo a pá de cal nas suas chances eleitorais.

Como ministra do Turismo, aconselhou os prejudicados pelo caos nos aeroportos a relaxarem e gozarem, enquanto aguardavam horas e horas por seus voos.

E agora, no afã de defender Dilma Rousseff das referências deturpadas ao seu passado de militante revolucionária, foi de uma inconsequência extrema, ao compará-las com o tratamento outorgado a Fernando Gabeira, outro veterano da resistência à ditadura de 1964/85:
“Vocês notaram que do Gabeira ninguém fala? Esse sim sequestrou. Eu não estou desrespeitando ele, ao contrário, mas ele sequestrou. Ele era o escolhido para matar o embaixador. Ninguém fala porque o Gabeira é candidato ao governo do Rio e se aliou com o PSDB”.
Mais um tiro no pé, pois, mesmo numa política aviltada como a nossa, ainda há limites para os golpes baixos.

José Eduardo Dutra, presidente do PT: “Não vamos adotar isso como estratégia de campanha. Todas as pessoas que atuaram contra a ditadura merecem nosso respeito. Foi uma declaração muito infeliz da Marta”.

O próprio Gabeira: “Lamento que ela use esse tipo de coisa na campanha, até porque tem muita gente dentro do PT que sabe bem dessa história” [A alusão é a Franklin Martins, outro dos sequestradores do embaixador estadunidense Charles Elbrick e hoje ministro da Comunicação.]

O então líder estudantil Vladimir Palmeira, um dos 15 presos políticos que a ditadura teve de libertar: "O Gabeira era simpatizante. Não tinha atividades armadas àquela altura. Não me parece crível que fosse o Gabeira [o escolhido] para assassinar uma pessoa"

O historiador Daniel Aarão Reis filho, que também atuou no sequestro: "Isso aí é uma bobeira. O Gabeira inclusive não participou da captura do embaixador. Ele era um elemento auxiliar dessa ação. Tinha alugado a casa para onde foi levado o embaixador e por isso ele foi envolvido. Havia a decisão de executar caso a ditadura não quisesse libertar os 15. Mas o Gabeira de jeito nenhum estava escalado para fazer isso".

Permito-me acrescentar que, ao falar sobre hipóteses, tendíamos sempre às bravatas, a fazer pose de homens duros. Afinal, a maioria de nós provinha da classe média, não tinha afinidade real com a violência mas queria mostrar-se à altura da missão que assumira na luta armada..

No momento de passarmos da retórica aos atos, muita coisa mudava. Tanto que o comandante Carlos Lamarca poupou a vida do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, embora os militares estivessem negando seguidamente os companheiros colocados na lista do resgate, tendo inclusive anunciado a morte de um deles, o Eduardo Leite (Bacuri) -- cuja execução foi antecedida por suplícios inenarráveis.

Então, embora Aarão Reis se refira a uma "decisão" de executar Elbrick no caso de uma negativa da ditadura, eu ressalvo que isto não deve ser tomado ao pé da letra.

Duvido que as coisas chegassem a tal ponto, em qualquer circunstância.

Seria mesmo uma escolha difícil, entre, de um lado, a preservação de um instrumento para salvar companheiros das torturas e da morte; e, do outro, a imagem da nossa luta, que ficaria seriamente arranhada se matássemos um não-combatente.

Acredito que o fator de ordem política falaria mais alto. Para nós, era preferível morrer pela causa do que desprestigiar a causa.

Ademais, não éramos insensatos a ponto de querermos nos tornar alvo preferencial das represálias estadunidenses que certamente decorreriam.


Este vídeo comprova: 1) que Gabeira é inocente da acusação que Marta lhe fez;
2) que é culpado de atribuir-se uma importância que não teve no sequestro.

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