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25.10.10

CAPITALISMO GLOBALIZADO x FUTEBOL: UM MASSACRE!

Completadas 31 das 38 rodadas, o Fluminense e o Cruzeiro lideram a série A do Brasileirão 2010, tendo conquistado 58% dos pontos que disputaram.

Só em 2002 o campeão (Santos) teve aproveitamento tão ruim nesta década. E a forma de disputa era outra, com 26 competidores e um turno só, seguido de mata-matas.

Nos demais anos, ficou entre 64% e 68%, salvo em 2003 (o Cruzeiro obteve expressivos 72%) e 2009 (os 59% do Flamengo).

O certo é que, ultimamente, vemos o principal campeonato nacional do esporte preferido dos brasileiros reduzido a um perde-ganha maluco, com os times disparando na frente e depois sofrendo quedas vertiginosas de rendimento, que deixam pasmos os torcedores.

O Palmeiras estava encomendando as faixas no ano passado quando passou a perder todas e acabou nem mesmo entrando na zona de classificação para a Libertadores.

Agora em 2010, Corinthians e Fluminense já estiveram bem à frente dos rivais, mas as abruptas fases negativas pulverizaram sua vantagem. Depois chegou o Cruzeiro... e, mal atingiu o 1º lugar, também caiu de produção.

Por quê?

Porque os esforços excessivos a que estão sendo submetidos os jogadores acabam estourando os elencos. E, conforme se contundem seus jogadores-chave, os times desabam.

Isto se dá não só em função da quantidade excessiva de jogos disputados, como também por esquemas táticos que exigem mais correria do que os atletas podem suportar no médio e longo prazos.

Emblemático foi o caso recente do Corinthians. Com Mano Menezes como técnico, vinha sendo a equipe mais consistente do futebol paulista... exatamente porque dosava suas forças e conseguia suportar bem a sequência de jogos. Isto incluía poupar os atletas cujo desgaste atingia um ponto perigoso, dando-lhes merecidos descansos.

Mano foi para a Seleção, veio Adilson Batista e armou bem o Corinthians, no papel. Com um esquema de marcação sob pressão inclusive no campo adversário, chegou a conquistar excelentes resultados, como as vitórias fora de casa contra Fluminense e Santos.

Mas, estava esticando demais o elástico e este, de repente, arrebentou, com as contusões se multiplicando e o time entrando em parafuso.

Quatro derrotas e três empates depois, seu substituto Tite é a esperança de reencontro com o equilíbrio possível. Começou bem, vencendo o Palmeiras.

APOGEU DOS SUPERCRAQUES DURA CADA VEZ MENOS

O certo é que o espírito de ganância capitalista aplicado ao esporte dá nisso: exige-se demais dos jogadores, fazendo com que degringolem fisica ou psicologicamente.

Que eu saiba, só quem vem abordando sistematicamente esta nova realidade é o grande Tostão. Ele ressalta que a carga de esforços imposta aos profissionais de futebol vem encurtando a carreira dos supercraques, cujo apogeu acaba bem mais cedo do que antes. Exemplos: Ronaldinho Gaúcho e Kaká.

E não é uma distorção só do futebol. Noutros esportes o desempenho chegou a ser maximizado por dopings e agora há casos como o do tenista Rafael Nadal, que sacrificou-se demais para chegar ao posto de 1º do ranking e acabou pagando alto preço: uma contusão o manteve afastado por um semestre das quadras. Ao voltar, aprendera a dosar melhor suas forças.

Dá pena vermos nosso esporte das massas transformado num concurso de resistência física, como aquelas maratonas de dança da Grande Depressão, magnificamente retratadas no filme A Noite dos Desesperados (d. Sidney Pollack, 1969), em que Jane Fonda teve a melhor interpretação de sua carreira.

Já houve tempo em que tínhamos aqui campeões incontestáveis, que dominavam as competições de ponta a ponta, não times que conservam um tiquinho a mais de forças e atropelam na reta final, de forma que o título parece ter-lhes caído do céu.

No último campeonato espanhol, o Barcelona registrou um inacreditável aproveitamento de 87%, sofrendo uma única derrota em 38 partidas.

Mesmo assim, só foi campeão por ter vencido no turno e returno o vice Real Madrid que, com 84%, fez a segunda melhor campanha de todos os tempos na Liga.

É um círculo vicioso: quando a grana comanda tudo, os países ricos podem fazer calendários menos desgastantes e tratar suas estrelas de forma menos desumana, até porque contam com ótimos substitutos. Isto se reflete nos resultados esportivos, que, por sua vez, geram retorno financeiro condizente.

Enquanto os pobres -- nós -- somos obrigados a exportar cada vez mais cedo nossas revelações e a superexplorar os que ficam, o que fazendo despencar cada vez mais a qualidade e o brilho das competições.

Disse e repito: o capitalismo consegue macular tudo que há de bom, nobre, justo, digno e belo em nossas existências.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não estou de acordo com a questão dos jogos excessivos. Veja quanto ganham em média os jogadores. É um absurdo e um atentado aos assalariados normais, que trabalham muito mais e ganham muito menos, e é claro que esses dois fatores interferem não apenas no rendimento laboral, como na qualidade de vida e no estado de espírito dos trabalhadores.

Por isso acho que cobrar cada vez mais jogos e mais esforço dos jogadores é mais do que razoável à medida em que faturam em números descomunais.

Me dá raiva ver um jogador reclamando por ter que jogar duas vezes por semana, quando ganha 50, 70, 100, 200, 300, 400 mil reais.

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