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4.11.10

O DIA DE FÚRIA DE UM PROFESSOR

Villa por Villa, eu fico com o lendário
Pancho, herói da Revolução Mexicana...


Hilário o artigo do historiador Marco Antonio Villa, que a Folha de S. Paulo -- sempre ela! -- publicou: 44% estão na oposição.

Furibundo com o resultado eleitoral, ele começa ignorando a matemática, com esta afirmação "44% do eleitorado disse não a Dilma".

Ora, se os eleitores eram 135.804.433, dos quais 43.711.388 teclaram 45 no 2º turno, bastaria uma simples regrinha de três para o professor constatar que foram apenas 32,2% os que votaram contra Dilma Rousseff.

O douto acadêmico estava com a cabeça tão quente que esqueceu-se  dos votos em branco, dos nulos e das abstenções.

E de onde ele tirou essa conclusão de que os 43,9% de  votos válidos  favoráveis a Serra são  oposicionistas?

Os eleitores não poderiam estar apenas convencidos da superioridade do tucano como administrador, que sua propaganda cansou de trombetear?

E não existirão paulistas que gostaram de seu governo?

[Há alguns, sim. Dentre eles, evidentemente, não estão os professores e estudantes universitários, insatisfeitos com a condição de sacos de pancadas da PM. Mas, nem Cristo conseguiu agradar a todos....]

E não podemos esquecer os velhinhos agradecidos a Serra pelos genéricos.

Enfim, colocar todos no saco de  oposicionistas  é uma forçação de barra indigna de um mestre. E o exemplo edificante para os pupilos, onde é que fica?

Depois de ignorar a matemática e o bom senso, Villa ignorou também a isenção e o equilíbrio, ao tentar dar uma injeção de moral nos demotucanos ainda grogues do nocaute de domingo:
"...ter chegado ao segundo turno foi uma vitória [para a oposição]. No último mês deu mostras de combatividade, de disposição de enfrentar um governo que usou e abusou como nunca da máquina estatal".
Ou seja, embora a oposição, pelo seu lado, tenha usado e abusado das manipulações da mídia golpista, determinante mesmo foi a máquina estatal. Brilhante.

Como se o jogo não tivesse ido para a prorrogação apenas porque o PIG transformou o aborto no principal assunto da campanha às  vésperas do 1º turno, ao mesmo tempo em que levantava descaradamente a bola de Marina Silva!

Bem que tentou repetir a dose no 2º turno, mas não conseguiu fazer com que o eleitorado acreditasse na metamorfose de bolinha de papel em meteoro.

E ainda houve jornalão dando capa para a inqualificável intromissão do Papa Bento XVI nos assuntos internos brasileiros, três dias antes da votação, mas esse trunfo chegou muito tarde e a Igreja Católica não tem mais a influência que tinha em 1964, quando mobilizou a classe média conservadora para apoiar a quartelada.
Villa ignorou, ainda, a compostura, atacando os vencedores da forma mais deselegante e destrambelhada:
"O lulismo tem pilares de barro. É frágil. Não tem ideologia. Não passa de uma aliança conservadora das velhas oligarquias, de ocupantes de milhares de cargos de confiança, da máfia sindical e do grande capital parasitário".
Substitua-se "máfia sindical" por "viúvas da ditadura" e a frase cairá como uma luva para a aliança demotucana. Ou os governos estaduais e municipais que eles pilotam não têm velhos oligarcas, grandes capitalistas e a turma das  boquinhas?

Por último, Villa ignorou a verdade, ao acusar todo o lulismo de estar perseguindo Monteiro Lobato ("Como disse Monteiro Lobato, preso pelo Estado Novo e agora perseguido pelo lulismo...").

Desde quando o insignificante Conselho Nacional de (Des)Educação, ao elaborar pareceres desnecessários e tolos, expressa a posição de Lula, dos dirigentes do PT, dos movimentos sociais,  do clero progressista, do  universo do lulismo, enfim?

Seria simplesmente asnático brigar com a extraordinária biografia de Monteiro Lobato, ainda mais num momento em que a Petrobrás é o grande cartão postal do governo.

Noves fora, tudo não passou de mais um exemplo da crassa ignorância de funcionários subalternos, incumbidos de tarefas além de suas qualificações. E o Villa sabe muito bem disto.

Satanizar os adversários é feio, professor!

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